segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

GUINÉ-BISSAU


NOTA:
MEU IRMÃO,REGALLA,AQUELES PILANTRAS,VIGARISTAS QUE FAZEM PARTE DO DITO GOVERNO DE TRANSIÇÃO,NÃO SABEM FAZER NADA NA VIDA.PARA ACABAR COM AQUELE GOVERNO,PRIMEIRO TEM QUE SE CONSTRUIR "SANTA CASA DA MISERICÓRDIA",  PARA ABRIGAR MUITOS DOS QUE LÁ ESTÃO.SENÃO, TODOS.Tcharles Panaque


"O Papel da Sociedade Civil e da Comunidade Internacional no Processo de Transição na Guiné-Bissau."

"Fomos convidados a proceder a uma reflexão sobre o papel da comunidade internacional e da sociedade civil guineense no processo de transição em curso no nosso país, desde o golpe de Estado de 12 de Abril último.
Pensamos no entanto, que antes de falarmos da comunidade internacional e da sociedade civil e do seu papel neste processo, seria indispensável analisar o actual momento à luz da evolução política da situação.
Este exercício levar-nos-á a compreender, que para que a comunidade internacional possa fazer algo em favor da Guiné-Bissau, é antes de mais necessário que os guineenses façam algo por si próprios. Como dizia Amílcar Cabral, “o arroz cozinha-se dentro da própria panela e não fora dela”. Isto significa que temos que ser nós a dizer claramente se queremos ser de facto ajudados, o que pretendemos com a transição, a definir uma agenda clara e consensual para a mesma e a dar sinais fortes para o exterior, particularmente no domínio do respeito dos valores da democracia e dos direitos fundamentais dos cidadãos.
Isto porque a nosso ver, a transição depende em primeiro lugar dos próprios guineenses e a solução dos problemas que o país vive deve ser resultado de amplos consensos internos, como previsto no Acordo Político, para que possa ser durável e não surja como mais uma mera operação de cosmética, em que fingimos que tudo está bem, e ao fim e ao cabo, teremos criado as bases para mais uma etapa da crise cíclica que assola ao longo de anos o país.
Para tal, é necessário que haja uma vontade política efectiva e que a classe política guineense, que tão má conta de si tem dado, consiga assumir um “arrufo” de patriotismo e por uma vez coloque os interesses nacionais acima dos interesses partidários, de grupos ou pessoais. Porque se o país se encontra no estado em que se encontra, é essencialmente devido à classe política que tem e, a um enorme deficit de patriotismo. Falamos todos da Guiné-Bissau, a nossa Pátria Amada, mas finalmente, estamos mais preocupados com os nossos objectivos pessoais ou político-partidários, do que com os desígnios nacionais.
Compete-nos pois a nós guineenses, classe política, sociedades civil e castrense, definir, como disse atrás, o que queremos para o nosso país e
estabelecer uma agenda concreta, que identifique os reais problemas que estão na origem das convulsões cíclicas que afectam o país e aponte propostas de solução plausíveis e duradouras, capazes de lhes pôr termo em definitivo. Só assim poderemos criar as condições para que esta não seja somente, mais uma transição e para que a comunidade internacional ciente dos nossos intentos nos possa ajudar na sua concretização.
Em primeiro lugar, era fundamental que se conseguisse sair, de forma democrática, do impasse/crise que se vivia e impedia o normal funcionamento da única instituição legítima ainda vigente, a saber, a Assembleia Nacional Popular. Não foi por mero acaso, que no quadro do Pacto de Transição e do Acordo Político assinado por um grupo de partidos políticos sob a égide da CEDEAO, se propôs a continuidade do Parlamento, a exemplo do que sucedeu em 1999, após o conflito político-militar, enquanto única instituição legítima, portanto, susceptível de legitimar os outros órgãos de poder, Presidente da República de Transição e Governo. Por isso insistimos na necessidade de ultrapassar esta fase, através de uma negociação entre as duas forças políticas maioritárias no parlamento (PAIGC e PRS), devendo o Presidente da República de Transição, desempenhar o papel de facilitador do diálogo como foi proposto pela União para a Mudança (UM) nas “Propostas de solução para os problemas que caracterizam o actual momento político na Guiné-Bissau”.
Uma vez encontrado o consenso indispensável, que acabou com o impasse no parlamento, deve-se agora passar à composição consensual de um governo inclusivo, encarregue de conduzir uma transição negociada, em termos da sua duração e do seu conteúdo. Isto porque apesar dos discursos de circunstância, todos sabemos que as eleições previstas para Abril/Maio de 2013, não se poderão realizar.
Uma vez regularizada esta situação e na busca dos consensos indispensáveis, as forças políticas, a sociedade civil e castrense, as entidades religiosas e representantes do poder tradicional, poder-se-iam então sentar num espaço de diálogo e concertação para definir e desenhar um quadro de transição, que permita conduzir o país a novas eleições, em moldes verdadeiramente democráticos.
Acertada a situação da ANP, através de um entendimento que conduziu à eleição do seu Presidente e do 1º e 2º Vice-Presidentes, este órgão está agora em condições de funcionar dentro de alguma normalidade constitucional e votar os instrumentos (leis) indispensáveis à transição política no país e decidir da prorrogação do seu mandato, para que este corresponda ao período de transição acordado.
Ouvimos no entanto, algumas vozes que apontavam para uma outra saída, propondo a dissolução do parlamento e a criação de um Conselho Nacional de Transição, como forma de ultrapassar o actual momento, esquecendo-se que em caso de dissolução da ANP, subsistiria sempre a sua Comissão Permanente e o mandato dos deputados.
Esta ideia que já havia sido lançada logo após o 12 de Abril, é a nosso ver totalmente errónea, na medida em que acabaria com o único órgão legítimo e democrático e, constituiria a consumação absoluta do golpe de Estado, na medida em que suspender a Comissão Permanente da ANP, implicaria a suspensão da Constituição da República. Esta decisão em nada contribuiria para a resolução da crise e sobretudo surgiria como uma forma de legitimar num órgão com competências legislativas e de decisão, gente que não obteve o voto popular nas urnas.
Aliás se tivermos em conta o preceituado na Constituição da República (art.94/1) vê-se que “a ANP não pode ser dissolvida nos 12 meses posteriores à sua eleição, no último semestre do mandato do Presidente da República ou na vigência de estado de sítio ou de emergência”.
Outrossim, os defensores da ideia da criação de um Conselho Nacional de Transição, esqueceram-se que a dissolução do Parlamento, não prejudica a subsistência do mandato dos deputados, nem afecta a continuidade e a competência da Comissão Permanente.
Com efeito, dissolvida a Assembleia Nacional Popular, funcionaria sempre como previsto constitucionalmente, a Comissão Permanente (art.95º) órgão que exerce a maior parte das competências do parlamento.
Ainda, devemos ter em conta, que a ANP, é um dos signatários e parte integrante do Pacto de Transição, documento que define o quadro legal para a condução do país à normalidade constitucional, podendo por isso a sua dissolução conduzir a uma eventual invalidação do próprio Pacto de Transição e do Acordo Político, sobretudo se tivermos em conta, um outro documento que o antecede e, em que o Comando Militar, transfere o poder para a própria ANP.
Mas essa transferência de poder, deve ser efectiva e consequentemente traduzir-se na abstenção dos militares de se envolver ou de assumir protagonismos na política.
Dado o primeiro passo, o da normalização do funcionamento do parlamento, na base dos consensos obtidos, é imprescindível empreender o segundo passo, que implicará uma remodelação governamental, visando a inclusão de outros actores políticos, por forma a que se possa criar uma ampla base, capaz de negociar e chegar a consensos sobre a transição política no país.
Impõe-se pois, à luz de todos estes argumentos, resolver esta questão para que a comunidade internacional possa conhecer a nossa agenda política e agir em consonância.
Caso não se consiga alcançar um entendimento sobre esta matéria, receamos muito sinceramente que o país entre numa situação mais complicada, na medida em que o país vai sofrendo do ponto de vista económico e financeiro, uma asfixia gradual e, sobretudo se tivermos em conta os contornos cada vez mais evidentes e preocupantes de algumas reivindicações de poder que se fazem ouvir e que tendem a sobrepor a identidade particular à nacional, através da exacerbação de pertenças étnicas, culturais ou religiosas, em detrimento de um sentimento nacional.
Uma situação para a qual o malogrado Presidente Malam Bacai Sanhá, já havia alertado, apontando essas reivindicações como “derivas que estão na origem de conflitos que podem fazer perigar a unidade nacional e às quais se deve responder colectivamente com a unidade de todos os guineenses, no respeito da nossa diversidade… sem exclusões e marginalizações”.
Se é verdade que em condições adversas a tendência natural de qualquer grupo é fazer apelo aos laços de solidariedade, neste caso, étnicos, é no entanto necessário entender que a exacerbação desses valores, podem conduzir a preocupantes situações de conflitualidade entre grupos, com consequências muitas vezes dramáticas e mesmo desastrosas, como o tem demonstrado a História recente de outros países, particularmente em África.
É neste contexto delicado e perigoso, que o papel da sociedade civil guineense se pode manifestar de extrema importância. Sobretudo na promoção dos laços de solidariedade nacionais em detrimento dos laços de solidariedade étnicos, religiosos, culturais ou outros, no esclarecimento das populações, particularmente dos jovens e das mulheres e, em acções de apaziguamento das tensões que possam surgir no relacionamento inevitável entre populações de origem diversa, que coabitam num mesmo espaço geográfico.
A prevenção constitui pois um factor de primordial importância, porque em circunstâncias do género, se verifica que os aproveitamentos políticos, que por meras razões de poder, certos sectores fazem de pequenos diferendos, aliás frequentes e normais entre as populações, em relação a terras, a água, ao gado, à religião, acabam por assumir dimensões invulgares.
A promoção dos valores da cidadania e a tomada de consciência da pertença de todos a uma comunidade única, a guineense, é a nosso ver fundamental, para se poder debelar os intentos de alguns sectores políticos que mais não fazem do que procurar dividir para reinar.
Mas para que a sociedade civil possa desempenhar esse papel, ela deve ser capaz de manter a devida equidistância entre as forças políticas em contenda e não envolver-se em combates político-partidários, de grupos ou de interesses, que possam pôr em causa a sua credibilidade. Isto porque, tal como a classe política, o comportamento pouco claro, de certos actores da sociedade civil ao longo dos tempos, tem levado a que ela tenha aos olhos de muitos, perdida a neutralidade positiva que deve caracterizar a sua acção no seio da sociedade guineense.
A acção da sociedade civil, em particular das organizações de defesa dos direitos humanos, revela-se nestas ocasiões de enorme importância, sobretudo na denúncia e no combate acérrimo às violações dos direitos mais elementares dos cidadãos consagrados constitucionalmente, a saber, o direito à liberdade de expressão, de manifestação, de greve e de reunião. A impossibilidade da realização destes direitos pelos cidadãos, poderá configurar que os guineenses se encontram perante um estado de ditadura efectiva.
A acção da sociedade civil poderia igualmente incidir na promoção de uma opinião pública formada, capaz de influenciar o evoluir da situação política e socioeconómica do país, sobretudo nos processos eleitorais, que estão na origem da maior parte das convulsões que o país tem vivido. Aliás, face a uma cada vez mais evidente mercantilização e etnização dos processos eleitorais na Guiné-Bissau, em que o dinheiro, as benesses e o apelo à solidariedade étnica substituem e condicionam a consciência do eleitorado, o surgimento desta opinião pública, que deve resultar de um programa aturado de educação cívica e de conscientização, permitiria alterar em grande medida, a apreensão pelas populações da importância do voto popular, enquanto trunfo, na decisão da escolha dos governantes do país e logo, do seu próprio futuro (destino).
É necessário para tal, que neste quadro, as organizações da sociedade civil, ajam de forma concertada e integrada e participem de forma activa no processo de acompanhamento e monitoramento dos processos eleitorais, se quisermos que os objectivos almejados possam ser atingidos a médio prazo.
A sociedade civil deve contribuir ainda com a sua acção, para a promoção de mais diálogo, criação de laços de confiança e implantação de um espírito de tolerância e do respeito pelo outro e pelas diferenças, no seio da sociedade guineense e, combater acerrimamente as teorias da subversão, da conspiração, da confrontação permanente e da “matchundadi” (Machismo), que em nada contribuem para a coesão nacional e a estabilidade no país.
Um outro aspecto, que a nosso ver deverá merecer a atenção da sociedade civil, prende-se com os riscos de conflitos que se começam de há algum tempo a esta parte a desenhar, em relação ao controlo dos recursos naturais (bauxite, petróleo, fosfatos, ouro, pescas entre outros), com o envolvimento de sectores da classe dirigente aliados a grupos de interesses nacionais e estrangeiros.
A conquista do poder para o controlo dos recursos naturais, surge neste contexto, como uma questão que se não for clara e antecipadamente definida através da adesão do nosso país à Iniciativa da Transparência Internacional nas Indústrias Extractivas e, da consequente elaboração de um quadro de referência e de legislação apropriada visando a transparência na gestão desses recursos e a defesa dos interesses da população das zonas de exploração e dos guineenses em geral, poderá agora por razões diferentes, vir a conduzir o país, a médio e longo prazo, a novas convulsões, como acontece noutros países africanos, por exemplo a República Democrática do Congo, sobretudo se tivermos em conta o “estado do nosso Estado”. Daí a necessidade de começar a prevenir para não termos que vir a remediar.
Olhando agora para o papel da comunidade internacional em todo este processo de transição subsequente ao golpe de Estado de 12 de Abril último, começo por analisar a postura das autoridades de transição, que poderão ter estado na origem das medidas de retaliação traduzidas em suspensão da maioria dos programas de desenvolvimento em curso, tomadas contra o nosso país e cuja paralisação agrava cada vez mais a nossa situação económica e social.
É verdade que as autoridades de transição, face à natural condenação de princípio do golpe de Estado e às posições da comunidade internacional, não souberam gerir de forma inteligente e diplomática todo este processo e foram perdendo gradualmente a margem de manobra de que ainda dispunham no rescaldo dos acontecimentos, para poder tentar esclarecer a opinião pública internacional das razões subjacentes ao referido golpe de Estado.
Em primeiro lugar, a postura defensiva assumida, através de atitudes agressivas, traduzidas em discursos desajustados, inadequados e mesmo incendiários que foram sendo proferidos por alguns actores da vida política e militar, em que se fazia pairar de novo o espectro da guerra, fazendo aumentar a apreensão da comunidade sub-regional e internacional.
Em seguida, a incapacidade de fazer entender a essa mesma comunidade, a inexequibilidade dos seus intentos de fazer retornar o país ao status quo ante 12 de Abril e, de fazê-la compreender que face aos múltiplos e graves problemas que a Guiné-Bissau enfrenta, esta não deveria ser transformada num palco de contendas político-diplomáticas e geoestratégicas, mas ser objecto de uma agenda global e conjunta (reforma dos sectores da defesa e segurança, justiça, processo eleitoral, combate ao narcotráfico, entre outros), a ser traçada com comunidade internacional, para ajudar a estabilizar em definitivo o país.
Embora muitos possam não estar de acordo com o formato, pensamos que neste quadro, devido à sua proximidade geográfica, política e cultural, talvez só a CEDEAO, que aliás detém competências na resolução de conflitos regionais, no quadro do PACTO da CEDEAO, conseguiu compreender a emergência do momento e reagiu em conformidade e com a prontidão e o pragmatismo que as circunstâncias exigiam, para evitar a derrapagem que poderia acontecer no nosso país, com efeitos negativos para outros países da sub-região.
A CPLP, enquanto comunidade de Estados e de Povos, talvez pressionada pela forma como decorreu a retirada da MISSANG e o consequente descontentamento das autoridades angolanas e por vezes guiada por agendas de política interna dos seus membros, pecou a nosso ver, por ter adoptado uma postura de distanciamento, contrariamente ao espírito construtivo que caracterizou a sua acção em 1998, aquando do conflito político-militar. Primando pela ausência, deixou o campo aberto à CEDEAO, perdendo assim uma oportunidade de ter podido desempenhar um papel relevante em todo o processo de formatação da transição na Guiné-Bissau.
A radicalização das suas posições levou mesmo a que a CPLP, tendo sido colocada à margem de todo o processo, não tivesse aproveitado o facto de um dos seus membros, Cabo Verde, tal como a Guiné-Bissau, ser também membro da CEDEAO, para se constituir em ponte para a aproximação entre as duas organizações e mesmo com o poder instalado, através particularmente, do Presidente da República de Transição.
A postura vigorosa adoptada pela CEDEAO, é tanto mais compreensível, se tivermos em conta os perigos que impendem sobre a nossa sub-região, em que os riscos de um conflito armado na Guiné-Bissau, poderia alastrar-se e pôr em causa a estabilidade de outros países. Começando por exemplo por minar os esforços de paz encetados na região de Casamança, entre o executivo senegalês e os independentistas do MFDC, com o contributo da Comunidade de Sant’Egídeo.
Poderia igualmente afectar a precária estabilidade política que se vive na vizinha Guiné-Conakry, a braços com problemas entre o poder e a oposição e alastrar-se à Côte d’Ivoire, onde a estabilidade ainda não foi restabelecida na sua totalidade, verificando-se aliás, uma contestação armada ao poder do Presidente Alassane Ouattara, com consequências para países como a Libéria e a Serra-Leoa, que ainda há bem pouco tempo viviam situações de guerra.
A instabilidade na Guiné-Bissau, poderia ainda abrir um campo fértil para a acção das milícias islâmicas, que como já foi dito e se sabe, mantêm agentes adormecidos em território guineense.
Portanto, é necessário entender que a frágil situação de estabilidade na Guiné-Bissau, se tornou um problema não só guineense, mas de geoestratégia sub-regional e, mesmo internacional.
Os Estados Unidos da América, que vinham acompanhando todo o processo guineense, sobretudo na óptica do combate ao narcotráfico, apesar da condenação de princípio ao golpe de Estado, optou estrategicamente, por manter uma presença efectiva em todo o processo, o que lhe permitiu não só acompanhar a sua evolução, como continuar a controlar toda a actividade das redes de narcotráfico e do crime organizado no país. Uma postura por mais forte razão justificada pela situação que ocorre no Mali e na Nigéria, com a ocupação de parte do território do primeiro por forças radicais islâmicas (AQMI, Ansar Dine MUJAO) e no segundo com as acções das milícias do grupo Boukouharam, com evidentes ligações às redes de narcotráfico e de crime organizado internacionais.
A França, que também mantém interesses estratégicos na sub-região manteve sempre uma presença discreta, mas efectiva.
Não devemos esquecer neste quadro, que a nossa sub-região africana, assume importância igualmente, no que se refere à existência de recursos minerais estratégicos, como o caso sobretudo do urânio do Níger e do petróleo do Golfo da Guiné. Reflexão sobre o papel da sociedade civil e da comunidade internacional no processo de Transição na Guiné-Bissau -10/12
Portanto, é neste contexto que a nosso ver, devemos situar o papel que a comunidade internacional – Nações Unidas, União Africana, União Europeia, CEDEAO e CPLP – pode desempenhar no processo de transição na Guiné-Bissau.
No imediato, o país tendo em conta a sua enorme fragilidade económica e dependência da ajuda externa, deve agora saber, de forma inteligente, tirar proveito da necessidade imperiosa da sua estabilidade no contexto sub-regional e internacional, para resolver os seus problemas.
Fazer entender aos parceiros que a estabilidade só poderá ser efectiva, se tivermos um Estado moderno, com instituições fortes, que funcionem num quadro democrático.
Pensamos que o reforço do Estado de Direito e da Democracia, constituiria uma das vertentes em que a comunidade internacional poderia contribuir, ajudando na reconstrução (refundação) do Estado guineense, apoiando a sua reforma profunda, assente numa visão estratégica, que visaria corrigir os desequilíbrios e assimetrias identificados no seu funcionamento e responder às exigências do desenvolvimento socioeconómico, científico e cultural do país.
Uma refundação que, segundo afirmámos no IIIº Congresso da União para a Mudança, “deve assentar na construção de um Estado desconcentrado, descentralizado, despartidarizado, que esteja mais próximo e ao serviço dos cidadãos e garanta a igualdade de oportunidades de acesso de todos aos recursos básicos, mas também a equidade na distribuição das riquezas nacionais, tudo numa perspectiva de desenvolvimento global durável e integrado e no respeito dos equilíbrios sociais, culturais e ambientais”.
Uma reforma profunda do Estado assente no estabelecimento de umaPlataforma de Entendimento para um Novo Contrato Social e Político, resultante de um diálogo envolvendo os governantes, os partidos políticos, a sociedade civil, a sociedade castrense e o sector empresarial.
Para além deste aspecto fundamental para a afirmação de um verdadeiro Estado de Direito Democrático, a comunidade internacional poderia ainda apoiar esta transição através de acções que reputamos prementes para a estabilização do país.
Desde logo, apoiar a organização e realização de eleições credíveis, verdadeiramente livres, justas, transparentes e democráticas no país. Esta acção deveria incidir não só no financiamento do processo eleitoral, mas também no seu “monitoramento”, da cartografia, ao recenseamento biométrico de raiz, ao escrutínio e à publicação dos resultados. E, ainda na criação de uma Comissão Nacional Eleitoral Independente.
Neste quadro, apontaríamos igualmente, o apoio à reforma do sistema político guineense e o financiamento dos partidos políticos, como outras vertentes.
Também, o apoio ao processo de reforma dos sectores da defesa e segurança. Um apoio que começa a materializar-se com os financiamentos já garantidos, mas que deve ter em conta as razões que estiveram na origem dos sucessivos falhanços de anteriores processos de reforma, casos do PDRRI, EURSS-GB e MISSANG. Neste quadro e uma vez definido o Roteiro, seria indispensável um melhor equacionar da questão e, garantir a necessária apropriação do processo pelos guineenses e a criação de níveis de confiança que permitam a sua concretização.
Este processo, que visaria a modernização das nossas forças de defesa e segurança, não se deveria esgotar somente na reforma, mas igualmente abranger duas componentes importantes, senão mesmo fundamentais, a saber,o combate à proliferação de armas e a sua recolha e a definição de um quadro político, visando a resolução sustentada e durável da questão dos Combatentes da Liberdade da Pátria.
Um outro vector em que poderia incidir a acção da comunidade internacional, seria o da justiça. Isto porque a quase ausência de justiça e a persistente impunidade que persevera no país, constituem factores da instabilidade cíclica que se vive na Guiné-Bissau.
No quadro da reforma do Estado, a Justiça, seria um dos sectores a ser privilegiado, sobretudo no que à sua credibilização e moralização diz respeito e para que seja posto um ponto final na impunidade reinante.
No entanto, no imediato e como já foi proposto e tendo em conta as limitações que se colocam ao poder judicial, de exercer a justiça de forma independente, a comunidade internacional deveria avançar com a constituição de um Tribunal Especial para a Guiné-Bissau, a exemplo do que sucedeu com a Serra-Leoa e o Burundi, para julgar todos os casos pendentes, particularmente os relativos aos sucessivos assassinatos ocorridos no país.
combate ao narcotráfico e ao crime organizado seria um outro domínio em que a comunidade internacional poderia agir.
Sabemos que o isolamento a que a Guiné-Bissau foi votada nos últimos tempos, na sequência do golpe de Estado de 12 de Abril, constituiu um factor de encorajamento ao reforço das acções das redes de narcotráfico e do crime organizado.
No entanto, não sendo este fenómeno meramente guineense, o combate a este flagelo que afecta toda a sub-região oeste-africana, que segundo um relatório da UNODC movimenta anualmente nos países da zona, cerca de 170 biliões de Francos CFA (740 milhões de dólares americanos), deve ser objecto de uma acção internacional conjugada e comprometida no tempo, abrangendo os países de produção, de trânsito e de consumo.
Gostariamos de concluir, com um alerta ao papel da comunidade internacional, em particular as Nações Unidas, a União AfricanaUnião Europeia, a CEDEAO e a CPLP, fazendo-a lembrar-se que a democracia não se esgota nas eleições. Por isso, ela (comunidade internacional) não pode, a nosso ver, agir sempre de forma reactiva. A sua atenção, intervenção e condenação, visando a prevenção de conflitos, não devem acontecer só quando se verificam golpes de Estado, mas ocorrer também, quando se verifique que os actos de governação, os abusos de poder, a corrupção e as violações da Lei Magna dos países, a Constituição da República e, dos direitos dos cidadãos, possam pôr em causa a própria democracia.
Terminamos agradecendo aos organizadores deste ciclo de palestras, INEP e UNIOGBIS, pela honra que me concederam de trazer à luz algumas reflexões sobre a transição política na Guiné-Bissau e também aos ilustres convidados que se dignaram participar neste encontro.
Estamos certos que só através do diálogo frutífero e construtivo poderemos alcançar a tão almejada paz e estabilidade que queremos, mas esta terá que assentar sempre no conhecimento e no saber, se quisermos que seja duradoura."

 Agnelo Augusto Regalla, Presidente da União para a Mudança (UM)

fonte:GBISSAU.COM

GUINÉ-BISSAU

"NÃO HÁ RESPEITO NENHUM PELA ONU"



"A Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO), condicionou, esta segunda-feira, 17 de Dezembro, o início dos trabalhos da missão conjunta da comunidade internacional para a Guiné-Bissau.
A medida está relacionada com a não chegada ao país da delegação da CEDEAO para este encontro, cujos primeiros trabalhos foram adiados para esta terça-feira, 18 de Dezembro.
A missão da CEDEAO é composta por três elementos, nomeadamente Abdel Fatu Mussa, Director de Assuntos Políticos, Mr. Campaora, Conselheiro de Segurança do Presidente da Comissão da CEDEAO, e Kehinde Bolaji, Oficial de Programas da Direção de Assuntos Políticos da organização sub-regional. A equipa não conseguiu ainda viajar para Bissau, onde já se encontram todas as outras delegações.

A missão da comunidade internacional tinha agendado para 17 de Dezembro um encontro com o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de transição, reuniões com parceiros internacionais, com o embaixador da União Europeia (UE) e representantes de países da UE, bem como encontros com as agências especializadas e instituições financeiras para a Guiné-Bissau.

A reunião com o embaixador da CEDEAO na Guiné-Bissau, Anssumana Sisse, e com os embaixadores dos países membros da CEDEAO, do Movimento nacional de Sociedade Civil e da Liga Guineense dos Direitos Humanos, fazem parte da agenda de trabalho que deveria ser iniciada esta segunda-feira mas foi protelada devido à ausência da delegação da CEDEAO.

A presença da comunidade internacional na Guiné-Bissau tem como um dos objectivos dar início à inclusão de todos no processo de crise guineense, despoletada com golpe de Estado de 12 de Abril."jornal digital

CEDEAO IGAUL A SI PRÓPRIO !!!

GUINÉ-BISSAU

                           
                        "ALLABU AKBAR"