sábado, 27 de abril de 2013

G.BISSAU


OU PURUTCH OU PARATCH...,PARATCH !!! W.

Apoiante das soluções encontradas pela CEDEAO para a crise guineense, gerada pelo golpe militar de 12 de Abril do ano passado, a França ameaçou recentemente endurecer de posição face ao impasse no processo de transição na Guiné-Bissau.
A determinação de Paris ficou patente num recente encontro entre os embaixadores de países da União Europeia acreditados em Bissau e dirigentes dos principiais partidos políticos guineenses.
Agastado com a relutante posição da classe política daquele país lusófono ante a urgência de consensos para a saída da crise a todos os níveis na Guiné-Bissau, o embaixador francês Michel Flesh exortou os políticos guineenses representados no encontro a um urgente entendimento do qual resulte a formação de um governo de transição de base alargada, com mandato para preparar as eleições gerais no país.
À luz do roteiro de transição estabelecido pela CEDEAO, na sequência do golpe militar se seguiu a controvérsia gerada pelas eleições presidenciais de Fevereiro de 2012, os eleitores guineenses deveriam em princípio ir ainda este ano, às urnas para novas eleições legislativas e presidenciais.
Hipótese entretanto encarada cada vez mais remota devido aos condicionalismos resultantes do “braço de ferro” que opõe os partidos políticos guineenses com reflexos a nível do cumprimento de prazos, da capacidade de mobilização logística e de fundos financeiros necessários à organização do pleito eleitoral que deveria à partida, devolver a ordem constitucional ao país.


Foi pois confrontado com este cenário de incerteza, que o diplomata francês teria dado aos políticos guineenses um ultimato no sentido de até 9 de Maio próximo, ser encontrado uma solução para o impasse, sob pena da União Europeia ser forçada a levar a questão bissau-guineense à consideração do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Diga-se um expediente da qual poderia resultar um agravamento de sanções contra a Guiné-Bissau com todo o seu cortejo de consequências para o actual estado de (in) governabilidade em que transformou o país.
Ante à determinação dos Estados Unidos em executar o mandado de detenção que impende sobre António Indjai, o diplomata francês teria, por outro lado, exortado os políticos guineenses para a necessidade de agilizarem o afastamento do chefe de estado-maior das Forças Armadas, o general António Indjai, por forma a permitir que responda perante à justiça americana.

Recorde-se que os Estados Unidos acusaram recentemente esta alta patente militar guineense de envolvimento numa conspiração narcoterrorista, que contaria com a intermediação das Forças Armadas guineenses num negócio de armas, nomeadamente mísseis terra-ar, para a guerrilha colombiana das FARC.
Para Washington, o chefe de estado-maior das Forças Armadas guineenses valeu-se, para o efeito, do seu poder e funções, para envolver o Estado e as instituições guineenses no negócio que envolvia cocaína e armamentos.

Saliente-se que as autoridades de transição bissau-guineenses, através do ministro dos Negócios Estrangeiros Faustino Imbali e do porta-voz governamental, Fernando Vaz, manifestaram-se no início da semana desejosos de ver os guineenses apanhados pela teia da justiça norte-americana serem julgados pelos tribunais guineenses e posteriormente transferidos, a se provarem as acusações, para a eventual custódia de tribunais internacionais.Na sequência do esquema, cinco cidadãos guineenses, incluindo o antigo chefe da armada, o contra-almirante Bubo Na Tchuto, capturados pela agência norte americana de combate a narcóticos, encontram-se desde início de Abril, em Nova Iorque, sob à custódia das autoridades norte-americanas.

Presidente Interino esperado em Bissau

PRT Manuel Serifo Nhamajo na leitura da declaração política sobre o dia da Mulher, 8 de Março
Enquanto isso, o presidente interino da Guiné-Bissau, Manuel Serifo Nhamajo, há mais de um mês ausente do país em tratamento médico na Alemanha, é esperado este domingo em Bissau.
Com as acusações de conivência com as rotas da cocaína sul-americanas no centro da tensao político-militare na Guiné-Bissau, os guineenses esperam de Nhamajo uma firme reacção face ao indiciamento de altas figuras militares e do governo de transição no esquema narco-terrorista recentemente denunciado pelos Estados Unidos.
De resto, um caso em que o presidente estaria mais do que interessado em ver clarificado, quanto mais não seja, pelo facto da sua suposta envolvência no caso, ter vindo à baila das referências constantes nos autos da acusação do caso “Bubo Na Tchuto”.
Entre os cenários previstos, figuras próximas do presidente interino, acreditam na possibilidade de Serifo Nhamajo poder vir a avançar com a demissão do actual governo de transição e com a indigitação de um novo primeiro-ministro de consenso nacional, como saída para o impasse eleitoral no país.
Fazendo fé nas nossas fontes, o presidente interino poderá ainda adoptar uma inequívoca posição face à acusação de conivência com o narcoterrorismo, formalizada recentemente pela justiça americana, contra o chefe de estado-maior das forças armadas nacionais que passaria eventualmente pelo afastamento de António Indjai da chefia militar guineense.
Hipótese entretanto, para alguns observadores, encarada como pouco provável, atendendo o “ascendente” das instituições castrenses sobre o governo e o estado na Guiné-Bissau e os riscos da medida accionar um conflito de proporções incalculáveis.
Perante este cenário, a demissão da presidência interina do país, umas tantas vezes anunciada e outras tantas adiada, poderá ser a saída derradeira de Nhamajo.
Da presidência interina guineense espera-se igualmente a suspensão de alguns contratos e licenças de exploração pesqueira e da madeira, de contornos pouco transparentes, celebrados pelo actual governo de transição do primeiro-ministro Rui Barros com empresários chineses.
Para o efeito, de regresso à Bissau, Serifo Nhamajo escala na capital nigeriana, Abuja, uma oportunidade para analisar com o Presidente Jonathan Goodluck os últimos desenvolvimentos na Guiné-Bissau e assegurar deste a continuidade do engajamento da Nigéria na busca de soluções para a crise guineense, particularmente perante o estado de tensão político-militar gerado nos últimos tempos pelo cerco montado por Washington aos alegados cabecilhas guineenses da rota da cocaína sul-americana.
Saliente-se que da força de manutenção de paz oeste africana (ECOMIG) estacionada na Guiné-Bissau ,  integrada na sua maioria por efectivos militares da Nigéria e do Senegal, Washington espera a colaboração plena daquela missão militar oeste Africana no “caso António Indjai”.
Nelson Herbert*