quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

G.BISSAU

"...ASSIM VAI A NOSSA GUINÉ."TP

Um único posto de recenseamento eleitoral atende milhares de guineenses em Cabo Verde

O ritmo do recenseamento tem sido bastante elevado e até agora a média de eleitores registados ultrapassa os 160 por dia no único posto a funcionar no arquipélago, mais especificamente nas instalações do Consulado-geral da Guiné-Bissau na cidade da Praia.
A descontinuidade territorial constitui um dos principais problemas a enfrentar noperação uma vez que, na capital cabo-verdiana, reside apenas menos de metade dos imigrantes guineenses, que também marcam presença em grande número nas ilhas de São Vicente e Sal.
Apesar de tudo, o Cônsul-geral da Guiné-Bissau em Cabo Verde, Cândido Barbosa, está optimista quanto aos resultados da operação esperados na cidade da Praia, enquanto aguarda instruções das autoridades do seu país para, mais tarde, fazer eventualmente deslocar o referido posto para as restantes ilhas onde haja guineenses a recensear.
Voluntariado comunitário
A montagem da operação, devido à escassez de meios humanos do consulado, só foi possível com o envolvimento dos líderes associativos da comunidade, que voluntariamente se disponibilizaram para receber formação e fazer funcionar o posto de recenseamento e o kit electrónico enviado de Bissau.
“Assim que recebemos a comunicação do que devíamos fazer, contactámos imediatamente os líderes comunitários, nomeadamente a Associação dos Guineenses em Cabo Verde (AGRCV) e a Associação dos Estudantes Guineenses em Cabo Verde (AEGC), e realizámos vários encontros de trabalho para preparar a operação, que está a correr muito bem, como se pode constatar”, explicou Cândido Barbosa.
O Recenseamento Eleitoral dos guineenses residentes em Cabo Verde devia começar a 01 de Dezembro mas tal não foi possível devido aos atrasos registados no envio dos kits da Guiné-Bissau, o que condicionou o arranque na cidade da Praia, indicou o Cônsul-Geral, que diz esperar recuperar o tempo perdido e recensear “o máximo possível de eleitores” no que resta do prazo disponível.
Boa afluência
“A operação mereceu algum cuidado porque foi necessário montar o equipamento e preparar os membros da mesa e os operadores, que tiveram que receber formação específica para que tudo funcionasse na perfeição, o que está a acontecer”, adiantou o diplomata.
Cândido Barbosa esclareceu que foi necessário fazer uma forte campanha de sensibilização dirigida aos guineenses residentes no arquipélago, com “impacto bastante positivo”, acentuou.
Quanto à afluência e à forma como a comunidade se tem envolvido no processo, o Cônsul Geral da Guiné-Bissau não tem dúvidas em caracterizá-las como “exemplares”, principalmente no que respeita ao civismo, acrescentando que, “apesar das grandes filas, as mulheres e os velhos nunca são obrigados a esperar”.
Quanto ao horário de funcionamento do posto, tem sido ultrapassado todos os dias, estendendo-se até às 8 ou 09H00 da noite, em função da procura e das filas que se formam, principalmente ao fim do dia.
Tudo isso significa, na óptica de Cândido Barbosa, que o acto eleitoral em preparação na Guiné-Bissau e previsto para 16 de Março do corrente ano está a despertar “um enorme interesse” no seio da comunidade, que conta ter uma “participação activa” no escrutínio.
“Mesmo estando fora, os nossos cidadãos acompanham com muita atenção a situação no país e pretendem participar no acto de votação”, perspectivou o diplomata, que faz votos para que o recenseamento em curso possa estender-se, “senão a todos, pelo menos à maior parte dos guineenses que se encontram noutras ilhas” de Cabo Verde.
Perspectivas promissoras
De acordo com aquele representante diplomático, a prioridade, neste momento, é recensear o maior número possível de guineenses radicados na Praia, para depois se pensar em abranger os membros da comunidade que vivem, por exemplo, nas ilhas de São Vicente e Sal.
“Estamos em contacto permanente com as autoridades competentes em Bissau, às quais vamos comunicando a evolução da situação de modo a que as decisões possam ser tomadas em tempo oportuno”, referiu Cândido Barbosa a esse propósito.
O bom andamento dos trabalhos foi igualmente apontado “com satisfação” pelo Presidente da Mesa de Recenseamento, para quem o ritmo de comparência dos cidadãos guineenses em idade eleitoral activa é “muito promissor” em relação aos objectivos traçados.
“A minha satisfação advém, antes de mais, da afluência que temos registado porque testemunha, no meu entender, o grande interesse que os nossos compatriotas demonstram quanto à escolha dos futuros dirigentes da Guiné-Bissau”, explicou Teodorino de Carvalho.
8 mil por defeito
Nos cálculos do também presidente da Assembleia-Geral da AGRCV, o número de recenseados, nos primeiros dias, vem ultrapassando o inicialmente estipulado, o que permite traçar boas perspectivas para a operação em curso.
“Distribuimos todos os dias um total de 160 senhas mas normalmente esse número é ultrapassado, uma vez que a procura é muita”, indicou ressalvando os sacrifícios que as pessoas chegam mesmo a fazer para se registarem.
Segundo Teodorino de Carvalho, muitos passam o dia inteiro nas filas do consulado, mesmo sem comer, à espera da sua vez de se recensearem, havendo igualmente pessoas que faltam ao trabalho com o mesmo objectivo. A comunidade guineense em Cabo Verde é estimada em cerca de 8 mil cidadãos, mas existem dúvidas quanto a esse número, que pode pecar por defeito uma vez boa parte nunca efectuou o respectivo registo consular.O País