segunda-feira, 31 de março de 2014

sábado, 29 de março de 2014

G.BISSAU.

SE ESTE SENHOR PRETENDE SER PRESIDENTE DA G.BISSAU,É OBRIGADO A DEFENDER ELEIÇÕES LIVRES ,JUSTAS E TRANSPARENTES.TPanaque






G.BISSAU

O POVO NÃO VAI ACEITAR UM PRESIDENTE POSTO À FORÇA.NEM PENSAR!TPanaque

          "O POVO É QUEM MAIS ORDENA"

sexta-feira, 28 de março de 2014

G.BISSAU

O CANDIDATO QUE ESTÁ A SER LEVADO AO COLO,NÃO PODE SER PRESIDENTE E NEM PODE REPRESENTAR O NOSSO POVO.TPanaque

G.BISSAU:ELEIÇÕES GERAIS

                    BATOTA!!!
HÁ CANDIDATOS QUE ESTÃO A SER "LEVADOS AO COLO".TPanaque

G.BISSAU

             CHEGA DE ABUSO !
PORQUÊ QUE AS PESSOAS (GUINEENSES) CONTINUAM A SEREM PERSEGUIDAS E ESPANCADAS PELOS MILITARES  ???TPanaque



quarta-feira, 26 de março de 2014

terça-feira, 25 de março de 2014

G.BISSAU

FALSIFICAR ELEIÇÕES É DESUNIR O POVO DA GUINÉ-BISSAU E AFUNDAR O PAÍS.TODOS SABEM DISSO!
O GUINEENSE, "ESPIRITUALMENTE", NÃO GOSTA DE COISAS FALSAS.TPanaque

G.BISSAU

O POVO É QUE TEM DE ESCOLHER O SEU REPRESENTANTE.É PRECISO FAZER UM DESENHO???TPanaque
"O POVO É QUEM MAIS ORDENA"

G.BISSAU

GUINEENSES,O CARGO DO PROXIMO PRESIDENTE DA REPUBLICA DA G.BISSAU ,ESTÁ "APALAVRADO".UM PERIGO!!!


O POVO NÃO VAI ACEITAR ESSA FANTOCHADA!TPanaque

segunda-feira, 24 de março de 2014

G.BISSAU

AS ELEIÇÕES NÃO PODEM SER REALIZADAS DE UMA FOR MISTERIOSA.
O POVO EXIGE "JOGO LIMPO".TPanaque

G.BISSAU

O POVO NÃO VAI ACEITAR UM PRESIDENTE ELEITO DE UMA FORMA FRAUDULENTA.TPanaque
"O POVO É QUEM MAIS ORDENA".

G.BISSAU

O POVO QUER SABER DE TUDO ANTES DE IR AS URNAS.TPanaque


                    "O POVO É QUEM MAIS ORDENA"

quarta-feira, 19 de março de 2014

MUNDO

Vitória russa na Crimeia revela nova ordem mundial :
Neste domingo, chegará ao fim a chamada "Pax Americana", período em que os Estados Unidos agiram como superpotência global, sem nenhuma contestação; no referendo da Crimeia, maioria da população deverá se declarar a favor da anexação à Rússia; resolução americana que propunha não reconhecimento dos resultados pelas Nações Unidas foi vetada pela Rússia e contou ainda com a abstenção da China; nesta nova era, Vladimir Putin emerge como ator global e Barack Obama sai enfraquecido

15 de Março de 2014 às 18:13

segunda-feira, 17 de março de 2014

MUNDO

Ucrânia: EUA toma a rampa de saída e aceita as exigências russas

 
Houve hoje outro telefonema entre o secretário de estado Kerry e o ministro Lavrov de Relações Exteriores da Rússia. O telefonema aconteceu depois de uma reunião estratégica sobre a Ucrânia na Casa Branca. Nesse telefonema, Kerry aceitou as demandas russas de que a Ucrânia seja convertida numa federação, na qual os estados federados tenham forte autonomia em relação ao governo central, numa Ucrânia finlandizada. Putin ofereceu essa rampa de saída da escalada, e Obama enveredou por ali.

O anúncio dos russos:
 

"Lavrov e Kerry concordam em trabalhar para uma reforma constitucional na Ucrânia: ministério da Rússia"[1]

(Reuters) - O ministro de Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov e o secretário de Estado dos EUA John Kerry acertaram, nesse domingo, que buscarão juntos uma solução para a Ucrânia, promovendo ali reformas constitucionais, disse o ministério russo.

Não há ainda detalhes sobre o tipo de reformas necessária, exceto que devem ser feitas "de forma aceitável para todos e levando em conta os interesses de todas as regiões da Ucrânia".

...

"Sergei Viktorovich Lavrov e John Kerry concordaram que continuarão a trabalhar para encontrar uma resolução final sobre a Ucrânia mediante o rápido lançamento de reformas constitucionais com o apoio da comunidade internacional" disse o Ministério, em declaração.

A ideia de "reforma constitucional" e "os interesses de todas as regiões" é dos russos, como documentada nesse 'não-jornal russo' (http://newsru.com/pict/big/1638517.html) (ing.).

O não-jornal descreve o processo de como chegar a uma nova Constituição ucraniana e demarca alguns parâmetros. O russo voltará a ser língua co-oficial da Ucrânia; as regiões terão grande autonomia; não haverá interferência em assuntos religiosos; e a Ucrânia permanecerá politicamente e militarmente neutra. Será aceita qualquer decisão sobre autonomia que se decida na Crimeia. O acordo será garantido por um "Grupo de Apoio à Ucrânia", constituído de EUA, União Europeia e Rússia, e será cimentado por uma Resolução do Conselho de Segurança da ONU.

Parece que Kerry e Obama aceitaram todos esses parâmetros. Agora, se tratará de vender essa solução como se fosse ideia deles, o que - como o não-jornal o comprova suficientemente - é inconsistente com a realidade.

Aqui[2] aparece Kerry repentinamente "exigindo da Rússia" que aceite as condições que a Rússia propôs e que Kerry jamais antes havia mencionado:
 

O secretário de Estado John Kerry exigiu de Moscou que recolha às bases suas tropas na Crimeia, retire os soldados da fronteira da Ucrânia, pare de incitar o leste da Ucrânia e apoie as reformas políticas na Ucrânia que protegerão os russos étnicos, os falantes de russo e outros na ex-República Soviética com a qual a Rússia se diz preocupada.

Em telefonema ao ministro de Relações Exteriores da Rússia Lavrov, o segundo entre ambos depois do fracasso do encontro que tiveram na 6ª-feira em Londres,[3] Kerry exigiu que a Rússia "apoie os esforços dos ucranianos de todo o espectro para resolver a partilha de poder e a decentralização, mediante um processo de reformas constitucionais amplo e inclusivo, que proteja os direitos das minorias" - disse o Departamento de Estado.

Obama cedeu. Suas ameças ocas não funcionaram e, agora, Obama está, em vasta medida, aceitando as condições que os russos propuseram para sair da crise.

O golpe que os EUA armaram para roubar a Ucrânia da Rússia e para integrá-la à OTAN e à União Europeia parece ter fracassado. A Rússia ficará com a Crimeia, agora com apoio de 93% da população ucraniana - o que torna impossível realizar o projeto dos EUA de espantar os russos para longe de Sevastopol e, portanto, também para longe do Oriente Médio.

A ameaça dos russos (que não veio a público) de imediatamente invadir e anexar as províncias leste e sul da Ucrânia, empurrou os EUA a aceitar as condições russas mencionadas acima. A única alternativa, naquele caso, seria confronto militar que nem EUA nem os europeus querem arriscar. Apesar da campanha anti-russos na imprensa-empresa nos EUA, a maioria dos norte-americanos e dos europeus estão contra qualquer confrontação desse tipo. Como se vê agora, os EUA jamais tiveram as cartas que precisariam ter para vencer esse jogo.

Se tudo correr bem e uma nova Constituição ucraniana satisfizer as condições que os russos impuseram e obtiveram, o 'ocidente' no futuro poderá ser autorizado a pagar mensalmente, à Gazprom, as contas que a empresa continuará a enviar para o endereço de Kiev.

Demorará algum tempo para implementar tudo isso. Que truques sujos os neoconservadores de Washington tentarão agora, para impedir esse desfecho pacífico? *****

[3] Como se lê em "EUA e Rússia concordam em deixar rolar a bola na Ucrânia
16/3/2014, MK Bhadrakumar, Indian Punchline", em http://blogs.rediff.com/mkbhadrakumar/2014/03/16/us-russia-kick-ukraine-can-down-the-road/, essa reunião não fracassou. Foi, de fato, muito bem sucedida e levou ao bom resultado que hoje se anuncia. Quem precisa do jornalismo que há?! [NTs].

sexta-feira, 14 de março de 2014

MUNDO

Na China, é mais caro morrer do que viver

Por vezes, a fim de sepultar os seus parentes em cemitérios onde já estão enterradas celebridades e altos funcionários, os chineses pagam até um milhão de yuans (mais de 165 mil dólares). Dado que os terrenos para sepultar na China são cada vez menos, a procura de lugares para a última morada só aumenta.
Hoje, na China, que tem 1,3 mil milhões de habitantes, mais de 180 milhões são pessoas com mais de 60 anos, a mortalidade anual é de 9 milhões de habitantes. Devido à continuação do processo de envelhecimento da população, os rendimentos da indústria funerária crescem: até 2017, o mercado chinês de serviços funerários atingirá os 16,5 mil milhões de dólares.
O preço por metro quadrado em alguns cemitérios de Pequim já chegou aos 65.600 dólares. Em Shangai, um lote de terra no cemitério custa mais de 30.000 dólares. Mas este é apenas o primeiro passo. A própria cerimônia funerária, bem como a campa e a lápide exigem gastos de mais vários milhares. Segundo funcionários do ramo funerário, depois de 2011, o preço médio de uma lápide mortuária aumentou, em dois anos, até 25 mil dólares. A situação levou mesmo ao aparecimento do termo "escravos dos túmulos", aqueles que são obrigados a juntar afincadamente dinheiro para o funeral dos pais e de si próprio.
E os que se habituaram a viver à grande, podem ter um serviço de elite também depois da morte. Um dos locais onde se prestam tais serviços: um cemitério nos arredores de Shangai, é mais semelhante a um parque.
"Aqui temos 700 famosos: heróis de guerra, políticos, músicos, estrelas da ópera e atores. As pessoas até vêm para aqui para tirar fotografias de casamento", declarou Jason U, diretor do cemitério. Uma das curiosidades é a última morada de Teresa Teng, vedete pop do Taiwan. A sua campa está encimada por uma estátua branca da cantora e de altifalantes colocados nas proximidades soam os seus maiores êxitos.
Algumas campas assemelham-se mais a mini-mausoléus, nos quais alguns parentes dos defuntos podem entrar com uma chave eletrônica, como nos hotéis.
O Babaoshan, famoso cemitério de Pequim, antes apenas aberto para altos funcionários e heróis revolucionários, começou, recentemente, a oferecer seus serviços a "simples mortais". Em 2012, o cemitério concedeu 120 lotes para sepultar chineses simples. Mas o preço mostrou ser exagerado: mais de 165 mil dólares, sendo também necessárias "recomendações" para comprar aí lugar.
Segundo os peritos, se se mantiver o atual nível de mortalidade, dentro de seis anos não haverá terrenos para sepultar em toda a China. Por isso, há já alguns anos que as autoridades fazem propaganda ativa da cremação com a posterior dispersão de cinzas no mar. No fim do ano passado, semelhante recomendação foi dada a todos os membros do partido e funcionários, a quem foi insistentemente pedido que evitassem funerais sumptuosos e caros.
Já as autoridades de Guangzhou e Shangai, onde vive o maior número de idosos, incentivam os parentes dos falecidos com dinheiro. Em Shangai, a câmara municipal prometeu pagar 2.000 yuans aos que aceitarem dispersar as cinzas dos parentes mortos no mar.VR

G.BISSAU

sexta-feira, 7 de março de 2014

G.BISSAU

SR.NHAMADJO,MAS QUAL É O SEU VERDADEIRO PROBLEMA COM A G.BISSAU???DEIXA O PAÍS ANDAR PRA FRENTE SFF E VAI A SUA VIDA,HOMEM!!!
O POVO QUER SABER.TPanaque

G.BISSAU

NHAMADJO,POR FAVOR,DEIXA O PAÍS ANDAR ....!!!!TPanaque

quinta-feira, 6 de março de 2014

MUNDO

                      MATCHUNDADI
                      

A 'fuga para adiante': e EUA se autoderrotam na Ucrânia

 



A 'fuga para adiante': e EUA se autoderrotam na Ucrânia
3/3/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker
http://vineyardsaker.blogspot.com.br/2014/03/the-self-defeating-fuite-en-avant-of-us.html

Os últimos dias viram impressionante aceleração nos desenvolvimentos, que criou situação totalmente nova. Em termos simples e claros, ocorreram os três seguintes importantes eventos:

1) Em Kiev, uma insurreição armada derrubou presidente eleito e substituiu-o por um regime revolucionário.

2) A Crimeia rompeu completamente com o resto da Ucrânia.

3) Uma insurreição contrarrevolucionária começou no leste da Ucrânia.

A situação no leste da Ucrânia é complexa, e não quero tratar disso nesse momento. Aqui, me proponho a re-fixar alguns fatos bem sabidos, organizá-los e fazer um exercício básico de "contrastar e comparar" os dois regimes/entidades bem claramente definidos que passaram a formar a Ucrânia: o regime revolucionário em Kiev (daqui em diante, a fórmula abreviada RRKiev); e o regime secessionista na Crimeia (daqui em diante, a fórmula abreviada RSCrimeia).

Acho que esse exercício nos permitirá apreciar as decisões tomadas pelos diferentes governos, de apoiar um lado ou o outro, e nos fornecerá, espero, itens para discussão útil. Por fim, repito que só considerarei fatos bem sabidos e tentarei não fazer nenhuma afirmação excessivamente carregada de minhas opiniões pessoais, o que deixarei para a conclusão.

Comparemos, então o RRKiev e o RSCrimeia, por um conjunto básico de critérios.

1) Bases legais do regime:

RRKiev: chegou ao poder mediante derrubada violenta do último presidente legalmente eleito. Em seguida, um autodesignado grupo de ativistas políticos distribuiu entre eles os principais cargos do governo e foi à praça Maidan para obter a aprovação da multidão ali reunida. Alguns nomes parecem ter sido aprovados, outros foram vaiados, mas todos foram declarados aprovados. Não se sabe quantas pessoas havia naquele momento na praça Maidan, nem se alguém tem qualquer informação sobre quem estava ali.

RSCrimeia: chegou ao poder depois de declarar pacificamente que as autoridades locais assumiriam temporariamente todas as funções locais da autoridade federal que, naquele momento, já havia sido derrubada pelo RRKiev. Em algumas cidades, os ex-prefeitos nomeados pelo regime de Yanukovich foram substituídos por locais, também eleitos por aclamação de massas nas praças.

2) Legalidade das respectivas decisões:

RRKiev: Dado que o ex-presidente fugiu, mas nunca renunciou, nenhuma das decisões do RRKiev são legais, nem pela velha Constituição, nem pela nova.

RSCrimeia: O ato de assumir os poderes das autoridades federais foi ilegal; mas, considerando-se que a autoridade federal naquele momento já não existia, pode-se ver aí um caso de "força maior".
3) Apoio popular:

RRKiev: segundo muitos relatos, o RRKiev tem apoio da maioria no oeste da Ucrânia, na Ucrânia central, incluindo Kiev, e na Ucrânia norte-central; e tem apoio de uma minoria em algumas partes do leste da Ucrânia. Em outras palavras, e considerando a densidade populacional,[1] é altamente improvável que mais de 50% da população, nas áreas controladas pelo RRKiev, realmente apoie o regime.

RSCrimeia: Pela minha estimativa, a vasta maioria dos falantes de russo na Crimeia apoiam o RSCrimeia, algo da ordem de 95% ou mais; e acredito que considerável maioria dos tártaros também o apóiam. Mas, ainda que se assuma oposição de 100% dos tártaros e 15% de oposição entre falantes de russo e ucraniano, mesmo assim se tem nada menos que 75% de apoio ao RSCrimeia.

4) Patrões estrangeiros:

RRKiev: seja qual foi o grau de apoio popular ao RRKiev na parte da Ucrânia que controla, não há nenhuma dúvida de que os seus líderes políticos foram nomeados, basicamente, pelos EUA (foi o que disse a sra. Nuland). Além disso, também sabemos que os EUA gastaram 5 bilhões de dólares para derrubar o governo de Yanukovich. Quanto às gangues armadas que gradualmente encheram a praça Maidan, há vários relatos de que se tratava de grupos especialmente treinados do chamado Setor Direita, treinados nos estados do Báltico, na Polônia e no Canadá. Em outras palavras, o RRKiev é, da cabeça aos pés, invenção do ocidente.

RSCrimeia: pode-se especular sobre o que teria acontecido, se os militares russos não interviessem na Crimeia; mas o fato é que, sim, intervieram. Há fortes evidências de que os 'misteriosos' homens armados que apareceram repentinamente na Crimeia sejam parte das Forças Especiais russas, Spetsnaz GRU,[2] provavelmente a 3ª Brigada Independente Spetsnaz, que tem base na cidade de Toliatti, possivelmente suplementada com elementos da 15ª brigada ou da 31ª divisão de pacificadores. Em outras palavras, o RSCrimeia é plenamente apoiado pela Rússia, a qual também prometeu apoio financeiro.

5) Ideologia:

RRKiev: ninguém nega que o Partido Liberdade e o Setor Direita são neonazistas e racistas. Os demais partidos que apoiam o RRKiev podem ser descritos como "nacionalistas", mas nacionalistas do tipo que não se incomodam de trabalhar de mãos dadas com neonazistas (ambos, Tiagnibok e Iarosh receberam posições de destaque no novo governo).

Nessa campo, também chama a atenção que as primeiras duas leia (ilegalmente) implantadas pelo (ilegal) "Parlamento (Rada) revolucionário foram leis para reautorizar a propaganda do fascismo, uma; e para revogar o status do russo como idioma oficial (agora, o RRKiev já "revogou essa revogação"), a outra. Os comícios dos nacionalistas estão cheios de fotos de Stepan Bandera e de símbolos neonazistas, que os ditos "moderados" não removem. O objetivo desses é uma Ucrânia unitária, à imagem e semelhança do oeste da Ucrânia.

RSCrimeia: não tem qualquer ideologia clara, absolutamente nenhuma. Não é insensato supor que alguns de seus apoiadores sejam comunistas, mas de modo algum significam alguma maioria. É movimento claramente pró-Rússia, o que implica que podem ser rotulados simultaneamente de "capitalistas" (a Rússia é sociedade capitalista e, possivelmente, de "putinistas", embora isso não esteja, de modo algum, confirmado. O seu objetivo é uma Crimeia multiétnica, que viva como estado soberano numa confederação ucraniana.

6) Prognóstico:

RRKiev: muito depende da situação no leste da Ucrânia, onde parece estar ganhando poder e decisão uma insurreição contra o RRKiev, o que pode levar a uma verdadeira guerra civil. Mas mesmo assumindo que nada aconteça no leste, o próprio Iatseniuk já disse claramente que não há dinheiro algum, e que todo o seu governo é um "governo kamikaze". O RRKiev não tem exército, nem política, nem nada e ninguém para garantir a lei e a ordem. A Rússia interromperá o apoio financeiro ao RRKiev e só venderá gás russo ao preço 'sem desconto'. Nesse ponto, uma explosão social é simplesmente inevitável. Já há falta de bens de consumo por todos os lados e muitas empresas e lojas permanecem fechadas.

RSCrimeia: a RSCrimeia tem absoluto monopólio do poder na Crimeia; e, graças às muitas deserções que aconteceram nas últimas 24 horas, a RSCrimeia já tem exército, polícia própria, forças especiais próprias (Berkut) e já tem até seu próprio serviço de segurança (o Serviço de Segurança da Ucrânia na Crimeia mudou de lado). Não só a Rússia prometeu ajudar financeiramente a RSCrimeia, como, também a RSCrimeia tem fonte garantida de recursos graças ao aluguel, à Rússia, das bases da Frota do Mar Negro e graças, também, ao fluxo intenso de ricos turistas russos (cerca de 6 milhões deles, por ano). Hoje, na Crimeia, todas as lojas e restaurantes estão abertos, funcionando normalmente, e os negócios prosseguem como sempre, sem qualquer sinal de tensões sociais.

Agora, consolidemos tudo isso:

- Os EUA e a União Europeia apostaram todo o próprio peso e toda a sua credibilidade política num regime que:

1) É ilegal e chegou ao poder mediante violência.
2) Não tem qualquer direito para 'aprovar' lei alguma.
3) Cujo apoio popular é, na melhor das hipóteses, muito duvidoso.
4) Que é, da cabeça aos pés, invenção do ocidente.
5) Cuja ideologia é basicamente neonazista e/ou nacionalista fanática.
6) O qual, aconteça o que acontecer, está condenado ao desastre.

- A Rússia apostou todo o próprio peso e toda sua credibilidade política num regime que:

1) Tem instrumentos para demonstrar a própria legalidade, pelo menos no território que controla.
2) Que foi forçado a temporariamente extrapolar os próprios direitos legais.
3) Que claramente conta com pleno apoio da maioria da população.
4) Que pode contar, integralmente, com o poder bélico russo para sua proteção.
5) Cuja ideologia é social/liberal e pluralista.
6) Que tem todos os meios necessários para ser bem-sucedido.

Pelo acima exposto, entendo que é inegável que o ocidente não está apenas apoiando o lado errado; a decisão do ocidente é não só absolutamente imoral: também é espantosamente estreita, de visão curta e deformada.

O que temos aí, na atitude do ocidente é caso claro do que se conhece como "fuga para adiante": alguém faz algo clara e obviamente mal feito; na sequência, assustado ante o que fez, com medo das consequências, em vez de parar e retroceder, decide acelerar e continuar adiante, com ainda mais velocidade.

Diferente disso, a decisão dos russos não é só moralmente correta: ela é também pragmaticamente correta. Mas, aí, há mais do que simples pragmatismo.
Já escrevi há alguns dias[3] que, para os EUA, destroçar a Ucrânia é um meio de não entregá-la à Rússia. É lógica parecida com a da Guerra Fria, jogo de soma zero e um modo de obrigar a Rússia a pagar por manter-se independente do Império Anglo-sionista. Além disso, é crise claramente 'opcional' para os EUA, conflito que realmente não tem qualquer impacto na segurança nacional dos EUA. Para a Rússia isso é bem diferente.

Para a Rússia, o conflito na Ucrânia tornou-se questão existencial. Durante 20 anos a Rússia lidou com regimes ucranianos corruptos, oligárquicos, pró-ocidente e anti-Rússia, que chantagearam a Rússia e a Europa nos negócios dos gasodutos e que imprimiam selos com a efígie de Stepan Bandera (que Yushchenko tornou "herói da Ucrânia"). Mesmo quando a Ucrânia enviou neonazistas para apoia Rússia nada fez além denunciar os golpes (nenhum ocidente 'democrático' deu-lhe ouvidos). Mas, quando ficou claro que milhões de russos e de ucranianos falantes de russo estavam sendo ameaçados por neonazistas, e que, se não houvesse reação, seria inevitável um banho de sangue no leste da Ucrânia, a Rússia decidiu agir: não só para proteger seus cidadãos, ameaçados noutro país; também para se autoproteger.

Há outro fenômeno também em andamento. Diferentes dos EUA e da Europa, os russos tem memória muito mais longa. Enquanto no ocidente ninguém sequer se dá ao trabalho de lembrar-se disso, os russos nunca esquecem a promessa feita a Gorbachev, de que a OTAN não se moveria para o leste; os russos lembram-se dos EUA bombardeando e invadindo a Bósnia e o Kosovo; os russos lembram que o ocidente apoiou dos wahabistas chechenos e oligarcas judeus como Berezovsky; que o ocidente deu integral apoio ao ataque de Saakashvili contra as tropas de paz russas e o povo da Ossetia Sul; lembram-se da instalação de mísseis cercando a Rússia; lembram a guerra contra a Líbia; nunca esquecem o massacre da Síria, patrocinado por EUA e União Europeia. E, como um comentarista disse ontem: "dessa vez não se trata de sírios nem de ucranianos. Agora é conosco, trata-se de nós. Nós somos os próximos, na fila."

Alguém escreveu, nos Comentários abaixo, que dei importância demasiada à decisão unânime na Duma e no Conselho da Federação Russa, de autorizar o uso da força, porque esses órgãos são controlados pelo Kremlin e apenas sacramentam tudo que Putin diga.

Primeiro, embora haja alguma verdade aí, não é absoluta e completa verdade. E esse tipo de argumento ignora, ou passa sem ver, a força da insatisfação crescente, até da ira, com que aqueles políticos reagiram, mais como resposta ao Kremlin, do que como se tivessem recebido ordens. Portanto, quando escrevi que "a Rússia está pronta para a guerra",[4] eu não exagerei.

É verdade que, no grande público, ninguém acredita que haverá guerra: a maioria dos russos acha que Obama, Merkel & Co. correrão espavoridos, no instante em que Putin mostrar-lhe os dentes. Mas não é essa a opinião, nem do Kremlin nem do Alto Governo russo. Esse pessoal SABE que muitas guerras podem começar pelas razões erradas, que o uso da força é sempre perigoso, que antes de usar força militar é indispensável pesar cada uma e todas as possíveis consequências, que todos os efeitos têm de ser cuidadosamente calculados e avaliados.

Eles sabem também que Obama é o pior e mais incompetente presidente da história dos EUA, e que eles não podem, em momento algum, pressupor que ele fará a coisa racional, pragmática, mesmo que só no interesse dele e dos EUA.

Não tenho dúvida alguma de que, quando os militares russos tomaram a decisão de dizer a Putin "podemos fazer", eles já tinham analisado detidamente até a improvável possibilidade de uma resposta militar dos EUA/OTAN, fosse para proteger o regime em Kiev, ou mesmo na Crimeia (onde, no passado, uma coalizão internacional liderada por potências Anglo já atacou a Rússia).

Os russos não fazem coisas como mandar seus Marines para Beirute ou para a Somália. Se usam força militar comprometem-se com o que fazem. Nesse caso, é óbvio que entenderam que não tinham outra escolha além de traçar linha muito grossa e clara na areia, para impedir qualquer tipo de agressão norte-americana 'por procuração'.

Obama e os neocons:

Vários e-mails sugeriam que os neocons impuseram essa situação a Obama, que não precisa de nada disso. Não discordo completamente dessa versão. Todos sabemos que os Republicanos negociaram com os iranianos pelas costas de Carter; todos sabemos que os Republicanos muito se orgulham de sua tradição de não dar importância a legalidades. E, de fato, o próprio governo de Obama está cheio de neoconservadores. 

Mas nada disso pode servir como desculpa.

Ainda que Obama se tivesse deixado prender, refém de uma operação comandada pelas costas dele, nem por isso tinha de agir como perfeito covarde e apoiar a operação, quando afinal apareceu à vista de todos. Sim, sei que Kennedy foi assassinado porque, dentre outras coisas, não apoiou a ação da Baía dos Porcos. E daí?! Isso só comprova o meu ponto: Kennedy não era covarde sem espinha dorsal; e isso, precisamente, é o que Obama é. Como também são a Merkel, Hollande e o resto da União Europeia.

E assim vemos os tais 1%, sempre ativos: reuniões de emergência no quartel-general da OTAN, condenações à Rússia no G7, Kerry a fazer mais ameaças por televisão e Powers, na ONU. Todos eles estão em surto de fuga para adiante. Têm esperanças de que, quanto mais palavras disserem, quanto mais altos e grandiloquentes as 'declarações' que façam, melhor, até que alguma coisa se altere em campo. Nada se alterará. Esses rituais supersticiosos, esse pensamento mágico, não funciona na vida real.

Agora, há duas possibilidades: ou começa uma guerra civil no leste da Ucrânia, ou o RRKiev entra simplesmente em colapso e desaparece no ar (possibilidade muito real).  Afinal, o que pode fazer sem dinheiro e sem recursos básicos? Cantar o hino da Ucrânia e culpar Moscou por tudo? Não parece ser bom projeto ou programa.

Por mais que a imprensa-empresa sionista ocidental dedique-se a esconder esse fato, ninguém - quero dizer NINGUÉM, mesmo - no novo regime tem qualquer ideia sobre o que fazer para enfrentar os problemas atuais. Até agora, o melhor que conseguiram foi nomear um oligarca multibilionário para governar o leste e o sudeste da Ucrânia. Vejam, por exemplo, essa manchete do Kyiv Post:[5]

"Oligarcas avançam para salvar a soberania da Ucrânia"

Seria hilário, não fosse tão trágico: o regime revolucionário que se diz "anticorrupção", nomeou oligarcas para salvarem a Ucrânia. Quando vi essa manchete senti, realmente, que estamos entrando em território "Além da Imaginação", lugar qualquer onde podem acontecer as coisas mais ridículas, mais loucas. Disso se fazem bons filmes, mas, em política, é receita de desastre. 

Claro que os tais oligarcas têm mais dinheiro que o RRKiev, mas fizeram o dinheiro deles roubando a Ucrânia, até deixá-la como está. E se alguém aí pensa que os russos negociarão com esses dois bandidos, estão sonhando.
Como escrevi em novembro, as portas do inferno estão-se abrindo para a Ucrânia.[6]  O mais impressionante é que toda a classe governante do ocidente inteiro não só parece decidida a empurrar a Ucrânia lá para dentro, como, também, já corre o risco de entrar junto.

Juro pela minha alma: não consigo imaginar política mais autodestrutiva, perigosa, imoral e estúpida.

[assina] The Saker


________________________________________
[1] Mapa populacional em http://ukrexport.gov.ua/i/imgsupload/image/population_density.gif
[2] Sobre essas forças especiais, que já tinham 20 anos de existência, quando a KGB foi criada, ver http://en.wikipedia.org/wiki/Spetsnaz_GRU
[3] 21/2/2014, "Geopolítica do conflito ucraniano: de volta ao básico", The Vineyard of the Saker, traduzido em http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/02/geopolitica-do-conflito-ucraniano-de.html
[4] 1/2/2014, "Obama piorou muito a situação na Ucrânia. Agora, a Rússia está pronta para ir à guerra", The Vineyard of the Saker, traduzido em http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/03/obama-piorou-muito-situacao-na-ucrania.html .
[5] http://www.kyivpost.com/content/business/oligarchs-step-in-to-save-ukraines-sovereignty-338116.html
[6] 2/12/2014, "Ucrânia 'colorida': abrem-se as portas do inferno", The Vineyard of the Saker, traduzido em http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2013/12/ucrania-colorida-abrem-se-as-portas-do.html 

quarta-feira, 5 de março de 2014

MUNDO

                   MATCHUNDADE

EUA x União Europeia na disputa pela Ucrânia

 
Ontem, pus em dúvida a confiabilidade de um 'vazamento' feito pelo governo Obama para o New York Times. Escrevi que:[1]
"Enquanto Merkel e outros políticos da União Europeia parecem querer acalmar a situação, a Casa Branca está sob pressão política doméstica para fazer mais de "alguma coisa". Por isso, provavelmente, o New York Times publicou hoje, como se fosse um 'vazamento':[2]
A chanceler Angela Merkel da Alemanha disse por telefone ao presidente Obama no domingo que, depois de falar com Putin, já duvida que ele mantenha contato com a realidade - informaram fontes que receberam briefing do telefonema. "Parece estar noutro planeta" - disse a chanceler alemã.
Nada disso faz sentido. Não soa como comentário de Merkel e, pior, soa absolutamente estranho, como comentário dela. Duvido que ela tenha dito o que "fontes que receberam briefing do telefonema" disseram ao NYT que ela teria dito. Parece mais uma tentativa para desacreditar Merkel [aos olhos dos russos] e dificultar ainda mais, para ela, encontrar alguma solução em acordo com os russos e fora do controle dos EUA."
 

Imediatamente, o governo alemão, através do conservador Die Welt, que apoia Merkel, desautorizou o NYT, negando a veracidade da citação publicada. Die Welt escreveu [traduzido al./ing./port]:[3]

"A chanceler não está contente com o relato publicado no New York Times. Em nenhum momento e de nenhum modo Merkel disse ou teve intenção de dizer que Putin estaria agindo de forma irracional. Na verdade, ela disse a Obama que Putin tem perspectiva diferente [da de Obama] sobre a Crimeia."
 

Não, não, não sou apoiador nem defensor de Merkel. Mas, sim, há disputa, tanto entre EUA e União Europeia, como entre 'leste' e 'oeste', pela Ucrânia.

Sim, a União Europeia ferrou a própria estratégia para a Ucrânia, ao dar um ultimato a Yanukovich para que assinasse o acordo de associação à EU e, quando o ultimato foi rejeitado, a União Europeia agiu para instigar os tumultos em Kiev.

Mas o que os EUA estão fazendo é pior.

Os EUA obraram para sabotar o acerto de 21/2, que três ministros da União Europeia conseguiram negociar entre Yanukovich e sua oposição, e, na sequência, ordenaram um assalto de milícias fascistas armadas[4] contra o Parlamento ucraniano, para impor ali, ilegalmente 'eleito'[5] um novo 'presidente' da Ucrânia. Agora, há seis membros do partido fascista, de seguidores de Bandera, o Partido Svoboda, no governo ilegítimo da Ucrânia.

Alguns políticos norte-americanos parecem[6] querer guerra com a Rússia.[7]

Mas os europeus têm interesses muito diferentes.

Todos os comentários favoráveis a Merkel, que aparecem publicados na sequência da matéria sobre ela em Die Welt apoiam a posição dos russos nesse conflito e rejeitam o governo dos fascistas na Ucrânia. E esse é jornal quase sempre conservador e muito pró-EUA. O público alemão, apesar da campanha de propaganda anti-Rússia, e como já se lê publicado no mais prestigioso veículo da imprensa-empresa alemã, absolutamente não está do lado dos EUA e de seus intervencionistas da OTAN.

Há uma longa 'tradição' de usar grupos fascistas nacionalistas contra a Rússia. A Rússia perdeu mais de 20 milhões de vidas na luta contra o fascismo e, para os russos, ver fascistas no governo de Kiev é ataque inadmissivelmente violento contra sua própria identidade nacional. Os russos conhecem a própria história e com certeza sabem quem está por trás daqueles fascistas de Kiev. ISSO, provavelmente, foi o que Merkel disse a Obama, quando falou da perspectiva de Putin.

O partido Svoboda e o Setor Direita na Ucrânia veem-se como continuação da tradição de Stepan Bandera, galego, ultra-nacionalista, terrorista brutal, fascista e, depois, agente que trabalhou para vários serviços secretos 'ocidentais'. Livro muito revelador, arquivado nos Arquivos Nacionais dos EUA sobre "Sombras de Hitler - criminosos de guerra nazistas, inteligência dos EUA e a Guerra Fria" [orig. Hitler's Shadows - Nazi War Criminals, U.S. Intelligence and the Cold War (pdf)][8] inclui um capítulo exclusivamente dedicado a "Colaboradores: inteligência aliada e a OUN, Organização dos Nacionalistas Ucranianos". Copio aqui alguns excertos:

As operações britânicas através de Bandera expandiram-se. Um resumo do MI6, do início de 1954, registrava que "o aspecto operacional dessa colaboração [entre os britânicos e Bandera] desenvolvia-se  satisfatoriamente. Gradualmente se obteve completo controle sobre operações de infiltração e, apesar de o dividendo da inteligência ser baixo, foi considerado suficiente para que valesse a pena prosseguir (...)"

...

Bandera era, segundo os que tinham contato com ele, "profissional da clandestinidade, com antecedentes de terrorista e noções implacáveis sobre as regras do jogo (...). Uma espécie de bandido, se preferirem, de patriotismo ardente e incendiário, o qual oferecia contexto ético e justificativa para seu banditismo. Nem melhor nem pior que outros desse gênero.

...

Em abril de 1959, Bandera outra vez pediu apoio da inteligência da Alemanha Ocidental e, dessa vez, Gehlen estava interessado. A CIA observou que "É visível que Bandera está procurando apoio para operações ilegais dentro da Ucrânia." Os alemães ocidentais concordaram com apoiar pelo menos uma missão daquele tipo, baseados no "fato de que Bandera e seu grupo já não eram os degoladores que haviam sido" e porque Bandera "ofereceu provas de que seus contatos com agentes internos." Uma equipe treinada e paga pelos alemães ocidentais cruzara, saídos da Tchecoslováquia, no final de julho; e os alemães prometeram apoio a Bandera para futuras operações, se aquela primeira fosse pelo menos "moderadamente satisfatória".

...

Em junho de 1985, o General Accounting Office mencionou o nome de Lebed em relatório público sobre nazistas e colaboradores que se instalaram nos EUA com a ajuda de agências de inteligência dos EUA. O Gabinete de Investigações Especiais [orig. Office of Special Investigations (OSI)] do Departamento de Justiça começou, naquele ano, a investigar Lebed that year. A CIA temia que investigações públicas sobre Lebed pudessem comprometer a operação QRPLUMB e que o fracasso na proteção de Lebed desencadearia a ira da comunidade de emigrados ucranianos. Então, a CIA, para encobrir Lebed, negou qualquer conexão entre ele e os nazistas e o apresentou como combatente da liberdade da Ucrânia. A verdade, é claro, era mais complicada. Ainda no final de 1991, a CIA tentou dissuadir o OSI de aproximar-se dos governos alemão, polonês e soviético, em busca de relatórios de guerra ou relacionados à guerra, que tivessem a ver com a Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN). O OSI acabou por abandonar o caso, incapaz de encontrar documentos definitivos sobre Lebed.

Mykola Lebed, comandante de Bandera na Ucrânia durante a guerra morreu em 1998. Está enterrado em New Jersey, e seus papéis estão arquivados no Instituto Ucraniano de Pesquisa, na Universidade de Harvard."

Há pouca dúvida de que os serviços secretos dos EUA e alguns políticos neoconservadores norte-americanos estão ainda mexendo as cordas de movimentos fascistas na Ucrânia.[9] Quem, senão eles, teria treinado aqueles fascistas, em países vizinhos (como diz Putin)? Agora, a russofobia desses mesmos personagens está ameaçando a paz na Europa. **** 
 

domingo, 2 de março de 2014

MUNDO

                    "MATCHUNDADI"
O tempo não espera por ninguém, mas, parece, esperará pela Crimeia. O presidente do Parlamento da Crimeia, Vladimir Konstantinov, confirmou que haverá um referendo, que decidirá sobre maior autonomia em relação à Ucrânia, dia 25 de maio.

Até lá, a Crimeia permanecerá tão quente e fumegante quanto o carnaval no Rio - porque na Crimeia tudo tem a ver, sempre, com Sevastopol, o porto de atracação da Frota Russa do Mar Negro.

Se a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) é um touro, esse é o pano vermelho mãe de todos os panos vermelhos. Ainda que você esteja tentando afogar todas as suas mágoas no nirvana movido a álcool e pulando para suar todos os seus problemas no carnaval no Rio - ou em New Orleans, ou Veneza, ou Trinidad e Tobago - mesmo assim seu cérebro registrou que o sonho mais molhado dos sonhos molhados da OTAN é instalar um governo fantoche do ocidente na Ucrânia, para despachar de lá, de sua base em Sevastopol, a marinha russa. O arrendamento negociado do porto é vigente até 2042. Já há rumores e ameaças de que o arrendamento será cancelado.

A península da Crimeia é habitada por maioria absoluta de falantes de russo. Pouquíssimos ucranianos vivem ali. Em 1954, o ucraniano Nikita Krushchev - aquele, o que bateu o sapato na mesa, na Assembleia Geral da ONU[1] - precisou só de 15 minutos para dar a Crimeia de presente à Ucrânia (então, parte da União Soviética). Na Rússia, a Crimeia é vista como russa. Nada mudará esse fato.

Ainda não estamos diante de uma nova Guerra da Crimeia - ainda não. Só um pouco. O sonho molhado da OTAN é uma coisa; outra coisa, muito diferente, é fazê-lo acontecer: tipo pôr fim para sempre à rotina de a frota russa deixar Sevastopol pelo Mar Negro, pelo Bósforo, e assim chegar a Tartus, o porto mediterrâneo da Síria. Assim sendo, sim, sim, trata-se tanto de Crimeia, quanto de Síria.

A nova revolução ucraniana cor de laranja, de tangerina, de Campari, de Aperol Spritz[2] ou de Tequila Sunrise[3] parece, até aqui, ser resposta às preces da OTAN. Mas ainda há estrada longa e sinuosa a percorrer, antes de a OTAN conseguir reencenar os anos 1850s e produzir o remix da Guerra da Crimeia original.

No futuro à vista e previsível, seremos afogados num mar branco de platitudes. Como o El Supremo do Pentágono, Chuck Hagel, "avisando" a Rússia que fique longe do torvelinho, enquanto ministros da Defesa da OTAN lançam toda a pilha indispensável de declarações, em nenhuma das quais se lê "garantindo integral apoio" à nova liderança, e paus mandados da imprensa-empresa universal repetem sem parar que não se trata de Nova Guerra Fria, para tranquilizar a população.[4]

Dancem conforme a minha estratégia, otários

Onde está HL Mencken, quando se precisa dele? Ninguém jamais perdeu dinheiro subestimando a capacidade de mentir do sistema Pentágono/OTAN/CIA/Departamento de Estado dos EUA. Especialmente agora, quando a política para a Ucrânia do governo Obama parece ter sido subalugada à turma da neoconservadora Victoria "Foda-se a União Europeia" Nuland, casada com Robert Kagan, neoconservador queridinho de Dábliu Bush.

Como Immanuel Wallerstein já observou,[5] Nuland, Kagan e a gangue neoconservadora estão tão aterrorizados ante a possibilidade de a Rússia "dominar" quanto ante o surgimento de uma aliança geoestratégica que pode emergir lentamente, e bastante possível, entre a Alemanha (com a França como parceiro júnior) e a Rússia. Significaria o coração da União Europeia constituindo um contrapoder, de oposição ao abalado e oscilante poder norte-americano.

E, como atual encarnação do abalado poder norte-americano, o governo Obama é, sim, um fenômeno. Agora, estão perdidos no pântano que eles próprios inventaram, do tal "pivô". Que pivô vem primeiro? Aquele na direção da China? Mas, nesse caso, temos de pivotear-nos, antes, para o Irã - para pôr fim à ação dispersiva, lá, no Oriente Médio. Ou quem sabe...? Talvez não.

Ouçam essa, a melhor, do secretário de Estado John Kerry, sobre o Irã: "Tomamos a iniciativa e lideramos o esforço para tentar ver se antes de irmos à guerra realmente poderia haver uma solução pacífica."

Quer dizer então que já não se trata de acordo nuclear a ser alcançado, talvez, em 2014. Nada disso. Agora se trata de "antes de irmos à guerra". Trata-se de bombardear um possível acordo, para que o Império possa bombardear mais um país - outra vez. Ou, talvez, não passa de sonho molhado fornecido pelos patrões dos fantoches Likudniks.

O grande Michael Hudson especulou que um "xadrez multidimensional" poderia esta "guiando os movimentos dos EUA na Ucrânia". Nada disso. Está mais para "se não podemos nos pivotear para a China - ainda -, e se a pivotagem para o Irã vai falhar (porque desejamos que falhe), podemos nos pivotear para algum outro lugar..." Oh yes, tem aquele maldito país que nos impediu de bombardear a Síria; chamado "Rússia". E tudo isso sobre o comando ilustrado de Victoria "Foda-se a União Europeia" Nuland. Onde está um neo-Aristófanes, para escrever a história desses comédias?

E ninguém jamais esqueça a imprensa-empresa. A CNN já começou a Amanpourear [ref. a Christiane Amanpour; equivale aos verbos "Jaborizar (derivado de "Arnaldo Jabor")" ou "Waackear" (der. de "William Waack"), em português do Brasil (NTs)] sobre o Acordo de Budapeste - e só fazem repetir que a Rússia tem de ficar fora da Ucrânia. Visivelmente, uma horda de produtores, todos com 'índices' de audiência desabados, sequer se deram o trabalho de ler o Acordo de Budapeste, o qual, como o professor Francis Boyle da Universidade de Illinois lembrou "determina, isso sim, que EUA, Rússia, Ucrânia e Grã-Bretanha têm de reunir-se imediatamente, para "consulta" conjunta - e que a reunião tem de ser feita no nível de ministros de Relações Exteriores, pelo menos."[6]

Assim sendo, então... Quem paga as contas?

O novo primeiro-ministro da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk, é - e o que mais seria?! - um "tecnocrata reformador", expressão em código para "fantoche do ocidente".[7] Ucrânia está convertida em caso perdido (rebentado). A moeda caiu 20% desde o início de 2014. Milhões de desempregados europeus sabem que a União Europeia não tem dinheiro para resgatar o país (talvez os ucranianos devam pedir algumas dicas ao ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi).

Em termos do Oleogasodutostão, a Ucrânia é apêndice da Rússia; o gás que transita pela Ucrânia para mercados europeus é gás russo. E a indústria ucraniana depende do mercado russo.

Examinemos mais de perto os bolsos dos novos "revolucionários" cor de Aperol Spritz. Todos os meses, a conta de gás natural importado da Rússia fica em torno de US$1 bilhão. Em janeiro, o país teve de despender também $1,1 bilhão para pagar dívidas. As reservas em moeda estrangeira caíram, de $20,4 bilhões, para $17,8 bilhões. A Ucrânia tem de pagar, como pagamento mínimo da dívida, nada menos de $17 bilhões  em 2014. E tiveram até de cancelar um lançamento de $2 bilhões de eurobonds, semana passada.

Francamente: o presidente Vladimir Putin - codinome "Vlad, A Marreta" - deve estar rindo feito o gato de Cheshire. Pode simplesmente cancelar o significativo desconto de 33% no preço do gás natural importado, que deu a Kiev, no final do ano passado. Rumores insistentes já dizem - desesperançados - que os revolucionários da revolução cor de Aperol Spritz não terão dinheiro para pagar aposentadorias e salários dos funcionários públicos. Em junho, vence uma dívida monstro, em mãos de vários credores (no total, cerca de $1 bilhão). Depois disso, a coisa é mais sinistra, desolada e escura que o norte da Sibéria no inverno.

A oferta dos EUA, de $1 bilhão, é piada. E tudo isso, depois que a estratégia de "Foda-se a União Europeia" de Victoria Nuland torpedeou um governo ucraniano de transição - transição, por falar dela, negociada pela União Europeia - que teria mantido os russos a bordo, e o dinheiro deles.

Sem a Rússia, a Ucrânia dependerá totalmente do ocidente para pagar as próprias contas, para nem falar de tentar evitar o calote de todas as dívidas. O total alcança vertiginosos $30 bilhões, até o final de 2014. Diferente do Egito, a Ucrânia não pode telefonar para a Casa de Saud e pedir cataratas de petrodólares. Aquele empréstimo de $15 bilhões que a Rússia ofereceu recentemente chegaria em boa hora - mas Moscou tem de receber algo em troca.

A ideia de que Putin ordenará ataque militar contra a Ucrânia explica-se pelo quociente subzoológico de inteligência da imprensa-empresa nos EUA. Vlad A Marreta só precisa assistir ao circo - o ocidente batendo cabeça para ver se arranja aqueles bilhões a serem desperdiçados num caso perdido (rebentado). Ou ao Fundo Monetário Internacional e aquela conversa sinistra de mais um monstruoso "ajuste estrutural" para mandar a população da Ucrânia de volta ao Paleolítico, de vez.

A Crimeia pode até encenar seu próprio carnaval adiado, votando não só para ter mais autonomia, mas, também, para livrar-se do tal caso perdido (rebentado). Nesse caso, Putin receberá a Crimeia de presente, grátis - à moda Krushchev. Não é mau negócio. E tudo graças àquela oh! tão estratééégica pivoteação contra a Rússia, com "Foda-se a União Europeia". *****


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[1] "A foto da primeira página do New York Times do dia 12/10/1960 mostrava Khrushchev com um sapato na mão e a manchete "Rússia novamente ameaça o mundo. Dessa vez, com o sapato do líder". Mas, pouco depois, pessoas presentes à Assembleia Geral da ONU que se realizara na véspera corrigiram a notícia e a manchete: Khrushchev não batera com o sapato no púlpito principal, mas na própria mesa; e não para ameaçar alguém, apenas para chamar a atenção. Sergei Khrushchev conta:
"Quando Nikita Sergeevich entrou no salão, estava cercado de jornalistas; um deles pisou no seu calcanhar e arrancou-lhe o sapato. Khrushchev, bastante gordo, não quis expor-se ao ridículo de procurar o próprio sapato e calçá-lo ali, em pé, à vista das câmeras. Andou então diretamente para sua mesa e sentou-se; o sapato, embrulhado num guardanapo, foi trazido por alguém e posto sobre a mesa. Naquele momento, um delegado filipino disse que a União Soviética havia 'engolido' a Europa Oriental, 'privando-a de seus direitos civis e políticos.' A frase causou tumulto e protestos na sala. Um delegado romeno saltou em pé e pôs-se a gritar contra o diplomata filipino. Nesse ponto, Khrushchev quis intervir na discussão, mas o delegado irlandês, que presidia a discussão, não o viu. Khrushchev acenou com uma mão, depois com a outra. Sem resultado, ele pegou o sapato que ainda estava sobre a mesa e o agitou no ar. Ainda sem resultado, ele bateu o sapato, com força, na mesa. O irlandês afinal olhou na direção dele e o viu" (Telegraph, em http://www.telegraph.co.uk/sponsored/rbth/6502603/Soviet-history-When-Nikita-Khrushchev-banged-his-shoe-at-the-UN-General-Assembly.html) [NTs].
[2] Para saber o que é (e uma receita), ver http://www.claudiadalpozzo.com.br/receita-de-drink-aperol-spritz/
[3] Para saber o que é (e uma receita) http://cybercook.com.br/receita-de-tequila-sunrise-r-9-93.html
[4] 26/2/2014, US and Britain say Ucrânia is not a battleground between East and West, Daily Telegraph.
[5] http://www.jornada.unam.mx/2014/02/22/index.php?section=opinion&article=022a1mun
[6] http://www.accuracy.org/release/ukraine-crisis-how-cooler-heads-can-prevail/
[7] 27/2/2014, Voice of America, Biden: U.S. Supports Ucrânia's New Government

sábado, 1 de março de 2014

G.BISSAU:campanha eleitoral arranca a 22 de Março

"A campanha eleitoral para as presidenciais de 13 de Abril na Guiné-Bissau, vão arrancar no dia 22 de Março e prolongar-se até 11 de Abril, de acordo com o decreto presidencial divulgado na quinta-feira (27). As candidaturas a chefe de Estado podem ser entregues ao Tribunal Supremo até ao dia 5 de Março.
Até ao momento, dez personalidades anunciaram a sua candidatura às presidenciais, indicou o Voz da América".