Os diplomatas russos continuam a exigir que o Senegal preste explicações das razões da detenção do navio Oleg Naidenov e insistem na sua libertação. No Ministério das Relações Exteriores ressaltam que esta situação não deve exercer influência negativa sobre as relações amistosas que existem atualmente entre os dois países. O representante oficial do MRE russo Alexander Lukashevich informou que na véspera um representante do serviço diplomático russo tivera encontro com o Mamadou Diagne, encarregado de negócios do Senegal em Moscou. Durante este encontro foi apresentada, em particular, a exigência de prover a tripulação de tudo o necessário.
 “Foi acentuada a necessidade de observar rigorosamente as normas internacionais no tocante aos direitos e aos legítimos interesses dos marinheiros russos que se encontram a bordo do navio, incluindo o seu abastecimento com alimentos e água potável, assim como a concessão da assistência médica necessária.”
 Mamadou Diagne prometeu, da sua parte, que as autoridades senegalesas irão fazer o máximo de esforços a fim de solucionar este problema o mais breve possível. Exigências idênticas foram apresentadas durante o encontro do embaixador da Rússia em Dakar, Valeri Nesterushkin, com o representante do Ministério das Relações Exteriores do Senegal, Manker Ndiaye. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia manifestou a convicção de que o conflito será resolvido proximamente “dentro do espírito de relações tradicionalmente amistosas entre a Rússia e o Senegal”. Ao mesmo tempo, o ministro das Pescas do Senegal, Haidar El Ali, fez uma declaração oficial à mídia explicando as razões da detenção do barco pesqueiro russo:
 “Atualmente a traineira Oleg Naidenov está sob o controle das autoridades senegalesas e da marinha senegalesa. A operação de detenção do navio russo foi realizada de uma maneira muito profissional, em conformidade com as normas internacionais. Estamos dentro dos limites das nossas fronteiras navais e, por conseguinte, no território em que vigoram as leis do nosso país. Os navios estrangeiros não têm direito de penetrar nas nossas águas territoriais e efetuar a pesca ilegal. Não admitiremos que este ato fique impune. O Senegal perde todos os anos cerca de 310 milhões de dólares porque os navios estrangeiros simplesmente roubam os nossos recursos.”
 Mas o capitão do navio russo Vadim Mantorov declarou que no momento de detenção a traineira Oleg Naidenov encontrava-se na zona econômica da Guiné-Bissau efetuando a busca de biorecursos aquáticos. Estes dados são confirmados pelo sistema setorial de monitoração da Agência Federal das Pescas da Rússia. Agora o proprietário do navio prepara-se a entrar em demanda jurídica no Tribunal de Direito Naval, em Hamburgo. Um dia de parada do navio custa-lhe um milhão de rublos.
 Aliona Sereda, esposa de um dos membros da tripulação, diz que as cônjuges dos marinheiros pretendem enviar uma carta ao presidente da Rússia com o pedido de ajudar a libertar a traineira.
 “Temos a vontade de ajudar mas quando a gente não sabe, como é que pode ajudar, isto oprime muito. Por isso, tem-se a vontade de fazer algo que surta algum efeito.”
 Apesar da declaração das autoridades senegalesas de que a situação será resolvida em breve, o barco russo continua sob vigilância militar: dezenas de militares estão de plantão nos convés e o mesmo número monta guarda junto da escada do portaló. A tripulação do navio é forçada a dar de comer aos que detiveram a embarcação e o capitão não recebeu até hoje a assistência médica de que necessita. Aliás, na véspera o navio recebeu água potável, cujas reservas praticamente estavam prestes a esgotar. O capitão Vadim Mantorov informou que a tripulação se sente bem e que agora está empenhada na manutenção técnica do navio.VR