sábado, 23 de junho de 2012

GUINÉ-BISSAU:HOMENAGEM AOS HERÓIS DA AMIZADE

JORNAL DE ANGOLA


João Pedro | 

Chefe do Estado-Maior General cumprimenta soldado que ficou paraplégico num acidente
Fotografia: Paulo Mulaza
O primeiro grupo da cooperação técnica militar que esteve na Guiné-Bissau com o objectivo de ajudar a reestruturar as Forças Armadas e a polícia guineense, regressou ao país no dia 9 de Junho, e o segundo dois dias depois. Composta por 249 efectivos, a Missang voltou, 15 meses depois de ter partido, com o sentimento colectivo do dever cumprido. No passado dia 15 foi realizada uma cerimónia de recepção, presidida pelo ministro da Defesa Nacional, general Cândido Pereira dos Santos Van-Dúnem, na unidade militar de tropas especiais de Cabo Ledo.
Josefina Augusto é a terceira subchefe da Unidade Anti- Terrorismo (UAT) e foi a única mulher do destacamento militar da Missang. Para ela, a missão ajudou a aumentar os seus conhecimentos profissionais e o grupo cumpriu as orientações superiormente emanadas. “No nosso grupo não havia complexos. Dava-me, e vou continuar a dar-me bem com os colegas, tanto com aqueles com que regressei da Missang, como com os que estão aqui”, disse. Durante a sua permanência em Bissau, teve saudades da família e dos colegas da UAT. “Agora começo, também, a ter saudades dos nossos irmãos guineenses, porque são hospitaleiros e pretendem construir um país com paz e bem estar, o que, infelizmente, não está a acontecer”, referiu com alguma tristeza, para depois explicar que fez muitas amizades com mulheres de Bissau e que muitas delas lacrimejaram quando viram os angolanos a partir.
“Adeus! Até quando? Saudades. Esperamos que um dia voltem. Nós, da sociedade civil, estamos com vocês. Estamos abertos aos irmãos angolanos.” Foi com estas palavras, que Josefina agora recorda comovida, “que os guineenses se despediram de nós”.  Sobre a retirada da Missang, a subchefe preferiu não comentar. “Somos militares e cumprimos ordens dos nossos superiores hierárquicos. O Executivo, através do Ministério das Relações Exteriores, e os chefes militares já se pronunciaram acerca do assunto”, sublinhou. 
João Cachala também é efectivo da UAT. Antes de ter cumprido missão em Bissau, já tinha estado destacado numa outra de paz, na República Democrática do Congo.
“O militar, ou o polícia, jura bandeira e, no exercício das suas actividades, cumpre rigorosamente as ordens dos chefes. O meu trabalho exige coragem, determinação e prontidão, por isso estamos sempre em estado de alerta, para receber e cumprir as ordens dos nossos comandantes”, explicou. Afecto à unidade militar de tropas especiais, o soldado Miguel Bernardo lamenta com tristeza a morte de um companheiro de arma num acidente de viação e o facto de um outro ter ficado paraplégico. “Somos militares e estamos sujeitos a essas situações. É triste”, disse, para depois acrescentar que está pronto, em nome do povo angolano, para garantir a soberania.

Cerimónia de recepção


A cerimónia de encerramento da missão contou com a presença de membros do Executivo, oficiais-generais e superiores dos três ramos das Forças Armadas Angolanas (Exército, Marinha e Força Aérea). Os efectivos, soldados da unidade militar de tropas especiais, Exército, Marinha, Força Aérea e Polícias da UAT, marcharam com firmeza e escutaram os aplausos dos presentes no acto de recepção às tropas angolanas regressadas da Guiné-Bissau. A entrega do estandarte da Missang ao ministro da Defesa Nacional encerrou definitivamente a missão.
Durante o seu discurso, o governante destacou o nível de empenho e elevado profissionalismo de todos aqueles que trabalharam na Guiné-Bissau e salientou que “prestigiaram e dignificaram as instituições de proveniência: as FAA e a Polícia Nacional”. Cândido Pereira dos Santos Van-Dúnem garantiu que, “por esse motivo, continuaremos a seguir os princípios e os caminhos da paz e segurança universal, continental e regional. Sendo por isso um parceiro justo e disposto a partilhar interesses comuns e a cooperar para a construção de um mundo cada vez melhor”.
Os efectivos que mais se destacaram receberam certificados de participação e mérito, e escutaram, atentamente, uma mensagem de felicitações do Presidente da República e Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas.
“As FAA e a Polícia Nacional acabaram de cumprir mais uma honrosa missão que se inscreve nos anais da gloriosa História dos combatentes que lutaram pela libertação nacional, defesa da pátria e integridade territorial”, salientou José Eduardo dos Santos na sua mensagem. Tendo em conta o sentido do dever, disciplina e determinação com que cumpriram a missão para a qual foram incumbidos, “louvo os oficiais-generais, superiores, sargentos e soldados que integraram o efectivo da Missang, na Guiné-Bissau”. O chefe de gabinete técnico da Polícia Nacional, sub-comissário Manuel Gonçalves, referiu que os seus efectivos souberam corresponder às expectativas e cumpriram a missão com a maior dignidade e responsabilidade. “A missão foi interrompida pelo Executivo angolano, na sequência da crise interna político-militar registada naquele país e que culminou na deposição do Presidente interino, Raimundo Pereira, e do primeiro-ministro, Gomes Júnior. Mas nós cumprimos a nossa missão”, acrescentou.
O  inspector chefe, oficial de o­perações Hermenegildo Henrique, também mostrou a sua satisfação por ter cumprido cabalmente mais uma missão e garantiu: “Sempre que formos notificados para outra tarefa estaremos prontos para a cumprir.

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