sábado, 12 de janeiro de 2013


ASSUNTOS DA GUINÉ-BISSAU
O Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, recebeu ontem, em audiência, o ministro de Estado para os Negócios Estrangeiros da Nigéria, Nuruddeen Muhammad, que foi portador de uma mensagem do Presidente Goodluck Jonathan. 
Segundo Nuruddeen Muhammad, além da cooperação bilateral, o encontro com o Presidente José Eduardo dos Santos permitiu concertar posições em assuntos de interesse comum no plano multilateral. O emissário do Presidente Goodluck Jonathan revelou que boa parte da audiência serviu para falar do dossier Guiné-Bissau.
“Também falámos sobre questões que envolvem os nossos engajamentos internacionais, como por exemplo o caso da Guiné-Bissau, onde as duas partes já têm estado a conversar”, disse Nuruddeen Muhammad, realçando o interesse mútuo em “ajudar o país a sair da situação em que se encontra”.
“A posição de Angola, da Nigéria, da CPLP e da CEDEAO coincidem. Queremos reforçar o nosso compromisso de ajudar a Guiné-Bissau, porque na verdade temos todos a mesma posição e o mesmo pensamento em relação àquele país”, frisou.
Sobre a indicação de José Ramos-Horta para representante da ONU na Guiné-Bissau, o ministro nigeriano disse que o seu país acredita que o antigo Presidente de Timor-Leste “vai dar um novo ímpeto no processo de democratização do país, da transição em curso, bem como a reforma do sector de defesa e segurança”.
“Contamos com a sua experiência, os seus conhecimentos e com as ligações que tem tido com os vários intervenientes”, sublinhou Nuruddeen Muhammad.
Angola já declarou a sua posição em relação ao recurso à violência para solucionar querelas internas. Na quinta-feira, dirigindo-se aos membros do corpo diplomático acreditados em Angola, o Presidente José Eduardo dos Santos condenou a violência no Leste da República Democrática do Congo, no Mali, República Centro-Africana e Guiné-Bissau, considerando “um retrocesso no processo de democratização” em África. “Governos legitimados pela escolha livre dos cidadãos nas urnas não devem ser depostos por forças rebeldes ou por processos anti-democráticos”, defendeu o Chefe de Estado, condenando o retorno à violência e às rebeliões armadas “usadas como forma de atingir o poder de Estado ou para solucionar querelas internas”.

A Nigéria, que lidera a CEDEAO, procura tomar as rédeas do processo de normalização política da Guiné-Bissau, país mergulhado numa grave crise política depois do golpe de Estado que, a 12 de Abril do ano passado, afastou do poder um governo legítimo, numa altura em que se preparava a segunda volta das eleições presidenciais.
Recentemente, o Presidente de Cabo-Verde, país que também é membro da CEDEAO, defendeu uma “solução para a Guiné-Bissau inserida num quadro abrangente, mandatado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas e monitorizada pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e pela União Africana”. Jorge Carlos Fonseca propôs à Nigéria, pela influência que tem a nível da CEDEAO, a institucionalização de um mecanismo permanente de consulta bilateral ao mais alto nível para manter a sub-região africana livre de pirataria marítima, de acções terroristas, de ameaças do tráfico e do crime transnacional.J.ANGOLA

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